segunda-feira, 3 de maio de 2010

PÓVOA DE VARZIM

Clube de Cinema 8 e Meio abre inscrições para IV Concurso
Infopóvoa / Póvoa de Varzim
O Clube de Cinema 8 e Meio da Escola Secundária Eça de Queirós já abriu as inscrições para o IV Concurso de Vídeo Escolar 8 e Meio. Até 31 de Agosto, os estudantes do ensino secundário de todo o país podem inscrever-se em duas categorias, Geral (obras inéditas de vídeo) e Animação (obras inéditas compostas por uma percentagem mínima de 70% de segmentos animados ou por uma percentagem mínima de 70% de segmentos de desenhos animados).
A ficha de inscrição, bem como o regulamento do concurso, está disponível
aqui.
Esta é a quarta edição do concurso promovido pelo Clube de Cinema 8 e Meio da Escola Secundária Eça de Queirós – e apoiado pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim – tendo a organização, este ano, um objectivo bem definido: superar os números alcançados na edição anterior, ou seja, vinte escolas participantes e 42 trabalhos a concurso.
Segundo a organização, esta iniciativa pretende reconhecer a escola como um espaço de criação e promover a expressão pessoal sobre o mundo através do audiovisual. Contar com a participação de futuros realizadores de cinema é um sonho do Clube 8 e Meio.

PÓVOA DE VARZIM

I Centenário da morte de Rocha Peixoto – homenagens merecidas e cumpridas
Da esquerda para a direita: Fernando Rocha, Conceição Nogueira, Macedo Vieira, Laura (familiar de Rocha Peixoto) e João Marques
Infopóvoa / Póvoa de Varzim
As comemorações do centenário da morte de Rocha Peixoto chegaram, ontem, 2 de Maio, ao fim. A inauguração da estátua de Rocha Peixoto, a apresentação do Tomo de Actas do Colóquio "Rocha Peixoto no Centenário da sua morte" e dos volumes 43 e 44 de Póvoa de Varzim Boletim Cultural foram os eventos que encerraram o ciclo comemorativo.Depois de inaugurada a estátua da autoria do escultor Hélder de Carvalho, situada no jardim junto à Biblioteca Municipal, o átrio da Biblioteca acolheu centenas de pessoas que participaram neste momento cultural inteiramente dedicado a Rocha Peixoto. A sessão contou com a presença de Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, João Francisco Marques, Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações, Fernando Rocha, Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos e Conceição Nogueira, Directora de Póvoa de Varzim Boletim Cultural.A propósito dos eventos comemorativos que marcaram os 100 anos da morte de Rocha Peixoto, Macedo Vieira lembrou que, apesar do momento difícil que o país atravessa e a autarquia também, esta não deixou de se empenhar na efectivação dos acontecimentos em homenagem ao ilustre poveiro. O autarca salientou ainda o orgulho sentido pela presença de familiares de Rocha Peixoto nas iniciativas promovidas. Em relação à estátua, o edil revelou que, inicialmente, foi interessante pensar em quem a iria fazer, depois de seleccionado o autor “todos nós participamos na sua construção” e por fim, considera que a escolha do escultor foi acertada.Também Fernando Rocha reconheceu o trabalho de Hélder de Carvalho dando-lhe publicamente os parabéns pela peça, acrescentando “olhando para a escultura percebe-se que é Rocha Peixoto”. O autarca disse ainda que “é bom que saibamos honrar o nosso passado e a Câmara da Póvoa esteve muito bem na homenagem prestada a Rocha Peixoto” e concluiu reconhecendo que “foi para a Câmara de Matosinhos e para mim um prazer muito grande associar-se ao conjunto de iniciativas levadas a cabo pela Comissão Organizadora das Comemorações, nomeadamente o descerramento da Placa Comemorativa do 1º Centenário da morte de Rocha Peixoto na casa onde viveu, em Matosinhos”.
Estátua de Rocha Peixoto, junto à Biblioteca Municipal


João Francisco Marques também foi unânime em reconhecer o trabalho do escultor que “conseguiu retratar Rocha Peixoto como uma imagem da sua presença tal como vemos nos restos fotográficos”, “espelha o homem que foi naquilo que é mais significativo, colocando na posteridade aquilo que é mais singular na sua vida, o caderninho de notas”. Estão aqui vivos em seu realismo, o investigador, o cientista, o etnógrafo e o antropólogo, sendo que “o Homem foi insistentemente estudado por Rocha Peixoto”, acrescentou. Sobre a localização da escultura, o Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações referiu que está implantada junto a uma instituição que tem o nome de Rocha Peixoto porque parte significativa da sua biblioteca particular está lá, situando-se ainda perto da Escola Secundária Rocha Peixoto, que tem Rocha Peixoto como patrono, reconhecendo o seu exemplo de trabalho e probidade intelectual. João Marques lembrou, uma vez mais, que Rocha Peixoto deixou uma obra pioneira no seu tempo que ainda hoje tem referências basilares. O Professor fez questão de destacar o interesse vivo pela cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim que, apesar das dificuldades abraçou, desde o início, a ideia de erigir uma estátua e participar empenhadamente nas comemorações. “Estou inteiramente grato porque os projectos não avançam se não houver um suporte e aqui houve todo o apoio do Presidente e Vereador da Cultura, exemplos de cultura viva da gente da terra”, acrescentou.



Sobre o Tomo de Actas do Colóquio “Rocha Peixoto no Centenário da sua morte” realizado a 8 e 9 de Maio de 2009, que reuniu mais de duas dezenas de especialistas abrangendo as várias áreas a que se dedicou o ilustre poveiro (arqueologia, antropologia e etnografia, arte e museus, ciências naturais e bibliotecas e património), João Marques disse que “não queria que este colóquio ficasse sem actas porque um congresso morre se dele não fica um registo” e daí “toda a minha preocupação para que se tornassem possíveis”.Na sessão que encerra as Comemoração do 1º Centenário da morte de Rocha Peixoto, o Presidente da Comissão afirmou “cumprimos esta missão a que nos entregamos”, concluindo “só morrem os planos de quem não os agarra, de quem não gasta forças para dizer é isto que queríamos e aqui está”.Sobre volumes 43 e 44 de Póvoa de Varzim Boletim Cultural, inteiramente dedicados a Rocha Peixoto, Maria da Conceição Nogueira, directora da publicação, mostrou-se satisfeita com o empenho que culminou na edição dos dois boletins culturais. “A colaboração recebida provou que a figura de Rocha Peixoto continua a motivar os nossos cientistas e historiadores de tal modo que gostosamente tivemos de distribuir os artigos enviados em dois volumes – o n.º 43, relativo ao ano de 2009 e o n.º 44, relativo ao ano de 2010. Eis, assim, estes dois volumes temáticos, exclusivamente dedicados a Rocha Peixoto”. De facto, o volume de artigos levou ao “atraso” no lançamento do nº. 43. “Cremos, porém, que esse atraso é largamente compensado pelo seu conteúdo, da autoria de especialistas das principais áreas da obra e da vida de Rocha Peixoto”.Sobre os dois volumes apresentados, explicou que o objectivo editorial proposto, o estudo de “aspectos não explorados”, foi satisfeito. “Encontrarão nas páginas destes dois tomos abordagens inovadoras, fruto da ‘revisitação’ dos trabalhos do nosso homenageado, dando azo a uma interpretação pessoal e à verificação da actualidade do seu pensamento”. Um trabalho possível, reconheceu, devido à oportunidade, dada pela primeira vez, de os colaboradores acederam ao espólio de Rocha Peixoto, existente na Biblioteca Municipal.“Por último, encontrarão uma secção intitulada Vária, destinada, como sabem, ao registo de eventos, ocorridos durante o ano, dignos de memória local – no nosso caso, todos eles referentes à Homenagem ao nosso ilustre cientista e historiador poveiro”.E servindo-se da advertência de Rocha Peixoto, «Portugal chega para todos», que Flávio Gonçalves escolheu para epígrafe do número comemorativo do I Centenário do Nascimento de Rocha Peixoto, Maria da Conceição Nogueira incentivou à descoberta de “novos saberes” sobre Rocha Peixoto, mais a mais quando a Biblioteca Municipal dispõe do seu espólio, “assim como de outros estudiosos, de cuja consulta muito poderão lucrar os investigadores para a feitura de novos trabalhos”.

PÓVOA DE VARZIM

“Não há Caminho sem música” – Rates na rota de Santiago abre Ciclo de Música Sacra
Infopóvoa / Póvoa de Varzim
“A Música nos Caminhos de Santiago” abriu o V Ciclo de Música Sacra da Igreja Românica de S. Pedro de Rates, evento musical que decorre ao longo de todo o mês de Maio.José Maria Pedrosa, da Universidade de Coimbra, o palestrante convidado, contou que Rates é uma estação muito importante no Caminho de Santiago, ponto de passagem obrigatório para os peregrinos provenientes do Sudeste de Portugal. Por Rates passaram, ao longo dos séculos, célebres peregrinos, como Cosme de Médicis “nos finais de 1669”. E na conferência de ontem estavam também presentes caminhantes que aproveitaram este evento para fazer uma pausa na sua peregrinação.
Mas os laços entre Rates e Santiago de Compostela vão mais além. Entre as duas “lendas” existem semelhanças inegáveis. Em ambos os casos, de S. Pedro de Rates e de Santiago de Compostela, a “lenda” inclui um eremita, Félix, que no monte com o mesmo nome avista uns “sinais maravilhosos” que o levam à descoberta do corpo do Santo. No entanto, o culto a São Tiago começa no século XI. “De Rates sabe-se um pouco mais, nomeadamente que o culto começou no século XVI”, explicou José Maria Pedrosa, “sabia-se da existência do mosteiro, de uma povoação e de um corpo que existia na Igreja. Tal teve o reconhecimento do Arcebispo D. Baltazar Limpo, no século XVI, que mandou transladar o corpo da Igreja de Rates para a Sé de Braga”. Começa o culto oficial a S. Pedro de Rates.Sobre a Música, considerou-a “a melhor companhia do ser humano”. Na romaria a Santiago acompanha o caminho, as estações, a chegada. Música tão variada quanto a proveniência dos peregrinos, levando a uma polifonia e a centenas, senão milhares, de músicas diferentes. E nesta mescla musical encontra-se, por exemplo, a música popular, de sabor trovadoresco ou as cantigas de romaria. Surgem também as Cantigas de Santa Maria “que tinham um sentido mais elevado” e que contrabalançam o trovadoresco na medida em que este cantava “as mulheres mais belas” e as Cantigas de Santa Maria “a mulher das mulheres”. Estas últimas foram compiladas por Afonso X, no século XIII, “como suma dos milagres e louvores da Virgem Maria”.

A música acompanhava os peregrinos e podia haver solistas, coro e até instrumentos. E à medida que o poder religioso foi reconhecendo Santiago de Compostela, foi também contribuindo para o culto e, com isso, para o cancioneiro. É disso exemplo o Códice Calixtino, do século XII, cuja autoria foi atribuída ao Papa Calisto II e que reúne um conjunto de textos que visava promover a sé apostólica de Santiago de Compostela. Divido em cinco livros (Anthologia litúrgica, De miraculi sancti Jacobi, Liber de translatione corporis sancti Jacobi ad Compostellam, Historia Karoli Magni et Rothalandi, Iter pro peregrinis ad Compostellam) é, nas palavras de José Maria Pedrosa, “um importante manuscrito, guardado na Catedral de Santiago de Compostela. Tem sido muito estudado por musicólogos”. Neste Códice, a música aparece no primeiro e no último dos seus livros, “com música em gregoriano e também em polifonia, ou seja, com duas ou mais vozes”. Um exemplo de música existente neste Códice é o célebre “Dum Pater Famílias”, por muitos adoptado como hino e cuja letra em Latim, está também adaptada ao espanhol. Em resumo, “música sempre”, considerou, “tinha que acompanhar o dia-a-dia dos peregrinos” e fazia mesmo parte da atmosfera de Santiago de Compostela. “Não há Caminho sem música, não há Santiago sem música e sem música de qualidade. Na verdade, sine musica nulla vita, isto é, sem música não há vida”.O programa do V Ciclo de Música Sacra da Igreja Românica de S. Pedro de Rates pode ser consultado no portal municipal. Esta foi a primeira de duas conferências, já que no dia 11 José Paulo Antunes, da Universidade Católica, falará sobre “Música Mariana na Liturgia de Hoje: desafios e possibilidades”.