segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

PÓVOA DE VARZIM

Posto de Turismo premeia a mais saborosa Rabanada à Poveira


Afonso Oliveira com a 1ª classificada
Infopóvoa / Póvoa de Varzim
O Posto de Turismo premiou, ontem à tarde, as melhores Rabanadas à Poveira da cidade. O concurso Delícia de Rabanada, promovido há doze edições e aberto a particulares e estabelecimentos comerciais, tem finalidades concretas, como explicou Afonso Oliveira , vereador do Pelouro do Turismo: “fixar este doce como uma referência da gastronomia local ; estabelecer e divulgar os critérios de uma verdadeira Rabanada à Poveira ; incentivar os estabelecimentos a manter, durante todo o ano, esta sobremesa nas suas ementas e, claro, dar a oportunidade à população de provar as melhores entre as melhores”.


Este ano os premiados foram Restaurante Snack-Bar Funchal (1º classificado), Restaurante Os Três Rapazes (2º classificado) e Restaurante 31 de Janeiro e Maria da Conceição Carvalho Moreira (3os classificados). A apresentação e o sabor do doce foram os itens a ter em conta pelo júri. Nesta edição, o júri teve dificuldade em escolher os premiados visto a elevada qualidade das 19 Rabanadas apresentadas a concurso.
Paralelamente, decorreu a Feira da Rabanada. Os doces tradicionais poveiros que concorreram ontem ao primeiro lugar e doces premiados em edições anteriores - onde também estavam incluídos doces premiados na categoria Criatividade (entretanto extinta do concurso) - puderam ser adquiridos pelo público. O lucro das vendas irá reverter a favor do Centro Social e Paroquial de Navais, Instituição Particular de Solidariedade Social sorteada ontem, no final da Feira da Rabanada.
Afonso Oliveira acrescentou, ainda, que o Museu Municipal acolheu esta edição por dois motivos: “Após as obras de renovação tem o espaço ideal para a realização deste certame. Além disso, esperamos ter levado um novo público a conhecer o Museu Municipal”.

PÓVOA DE VARZIM

Viagem interior em livro de poesia apresentado no Diana Bar



Infopóvoa / Póvoa de Varzim
Na noite de sábado, 12 de Dezembro, o Diana Bar recebeu a apresentação de Viagem em Quarto Duplo , de José Azevedo Nóbrega, pseudónimo de Francisco Gonçalves.
Este é um livro com 25 poemas, resultantes de “uma viagem interior, uma viagem que tem que ver com o percurso de quem está nesta área da escrita”, explicou. Daí o nome deste novo livro, que remete também para a duplicidade de entendimentos que a linguagem de José Azevedo Nóbrega pode ter. “A viagem também é dupla”, acrescentou, referindo ainda que, quando escreve, os textos tanto podem resultar de “viagens interiores” ou de palavras. “Da palavra «horrível» surgiu «o rímel», com que começa o meu poema Esperança Opaca, e da palavra «estudantes» surgiu «e isto dantes»”. Poemas que, a par de outros, o autor fez questão de declamar, uma sessão de poesia intercalada com a interpretação de poemas musicados de autores como Eugénio de Andrade ou Sophia de Mello Breyner, por Sara Luz , voz e percussão, e Blandino, voz e guitarra acústica.
Natural de Trás-os-Montes, Francisco Gonçalves vive há já 12 anos na Póvoa de Varzim. Tem outras três obras editadas: Agueirinho, A Boca na Mão e A-mei-o-tempo.

PÓVOA DE VARZIM

Desvendando os segredos do pescador poveiro – a emigração para o Brasil em 1896
Infopóvoa / Póvoa de Varzim
Lado a lado com o mar, o Diana Bar recebeu, no passado dia 12, o lançamento de Comunidade Piscatória Poveira, um livro editado pela Câmara Municipal que reúne o trabalho de investigação de Nuno Freitas , elaborado com a colaboração de Patrícia Meleiro, desenvolvido no âmbito do trabalho final da Licenciatura de História, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 2005.
Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, explicou que o livro versa sobre o fluxo emigratório da comunidade poveira em 1896 para o Brasil. “Em 1892 deu-se uma grande tragédia no mar, em que morreram 105 pescadores. Tal levou a que a vida se dificultasse para a comunidade, a que se juntava a falta de segurança no Porto de Pesca da Póvoa de Varzim. Para além disso, os pescadores tinham barcos muito frágeis e sofriam com a concorrência dos barcos mais modernos, a vapor”.
Tendo em conta que este foi o segundo de três livros lançados na Póvoa de Varzim em dois dias (sexta-feira e sábado ), o Vereador considerou que “nunca se editou tanto, nunca se escreveu tanto e nunca se leu tanto”. Foi por isso com grande satisfação que participou no lançamento de Comunidade Piscatória Poveira, “um livro que tem a ver connosco, com a nossa comunidade, sobretudo sobre aquilo que é o nosso poveirismo – a nossa comunidade piscatória”. E apesar de Nuno Freitas ter estudado apenas o ano 1896, Luís Diamantino defendeu que este é “um ponto de partida para aquilo que ainda podemos fazer”.
O autor, madeirense, não pode estar presente no lançamento do livro, mas chegou ao Diana Bar através das novas tecnologias. Assim, e via DVD, explicou que a investigação retratou a comunidade em finais do século XIX. “O início do século foi próspero, tendo o fim do século ficado marcado pela pobreza”, facto que levou a um grande fluxo emigratório, empolgando, também, pela associação ao “mito do enriquecimento fácil” no Brasil.
Entre as conclusões da investigação, apoiada por documentos guardados no Arquivo Municipal e na Biblioteca Municipal e ainda pelos periódicos da época, Nuno Freitas concluiu que emigravam maioritariamente homens adultos, com idades entre os 30 e os 44 anos, sendo que a emigração masculina era superior à feminina. O autor aponta ainda as várias causas que levaram à emigração, a profissão de quem emigrava, o destino, de que rua eram originários, entre outros tantos elementos.


Inês Amorim, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e ela própria uma apaixonada pelas pesquisas na área de História das Pescas, acompanhou todo este trabalho de investigação. Por isso, na sessão, apresentou alguns factos sobre o pescador poveiro, caracterizado pela sua “habilidade”, “pelo conhecimento que tinha do mar e pela sua capacidade de adaptação aos diferentes mares”. Assim, o pescador poveiro tinha uma “polivalência de facetas” que o distinguia dos demais. “Ao longo do ano é sempre pescador, quando emigra, emigra para pescar. E por isso tem um perfil diferente”.
Comunidade Piscatória Poveira provou também que, na sua emigração para o Brasil , o pescador poveiro escolhia como destino o Rio de Janeiro. Mas tal como sublinhou Inês Amorim, “o Rio de Janeiro é um destino primeiro, um plataforma que depois pode levar a outras localizações”.
Mas acima de tudo, a professora considera que este trabalho “dá voz aos pescadores, eles não sabiam ler ou escrever. Eram os outros que falavam por eles”. Trata-se, assim, de preservar uma cultura que ainda tem muito para dar a conhecer, como evidenciou Inês Amorim. “Nem o Nuno nem a Patrícia são da Póvoa, tiveram de entrar na comunidade. Isso significa que a comunidade teve algo para lhes dizer”, sublinhando ainda que esta é “uma comunidade que está em extinção, é pequena mas muito activa. Há aqui uma cultura que tem que se salvaguardar”.
E dando mostras da preocupação da autarquia poveira pela preservação do seu património, Luís Diamantino avançou que Luís Martins , antropólogo e autor de Mares Poveiros, tem vindo a desenvolver um trabalho de recolha junto da comunidade, em filme, “uma comunidade com tradições e memórias que mais nenhuma tem”. Para além disso, a própria Câmara Municipal tem apoiado o trabalho de inúmeras pessoas que se dedicam a estudar a comunidade piscatória, tendo mesmo, em dois ou três anos, lançado mais de dez livros, em edições municipais, relativos à pesca, de vários autores diferentes. Conheça os títulos, disponíveis na Biblioteca, no Diana Bar, no Museu e em outros serviços municipais, no site da
Biblioteca Municipal.

PÓVOA DE VARZIM

Momento alto do Encontro pela Paz aconteceu este fim-de-semana


Dia 12 de Dezembro
Infopóvoa / Póvoa de Varzim
A Chama da Paz percorreu todas as freguesias do concelho, envolvendo centenas de pessoas, este sábado, 12 de Dezembro. Mário Ferraz , impulsionador do Encontro pela Paz, referiu que, ao longo de todo o percurso, que teve início em Balasar, “foram inúmeras as manifestações de apoio a este evento e a esta causa”. A passagem da Chama da Paz pelas doze freguesias da Póvoa foi sempre acompanhada por aplausos, o que motivou, ainda mais, os atletas das associações locais. Para Mário Ferraz , este apoio da população é fundamental, já que “mostra que a nossa mensagem está a chamar a atenção”.

Dia 13 de Dezembro
Ontem, 13 de Dezembro, a iniciativa teve o seu momento mais alto, a Cerimónia Encontro pela Paz. Largas centenas de pessoas estiveram no Pavilhão Municipal para assistir ao concerto de Tiago Pereira, violinista, que, em conjunto com a Academia Gimnoarte, proporcionou um “momento maravilhoso a todos os presentes”, explicou Mário Ferraz. Depois do espectáculo, seguiu-se uma Marcha pela Paz até à Praça do Almada. O cordão humano era extenso e, à medida que a marcha se ia aproximando do centro da cidade, mais pessoas se iam juntando a esta manifestação. Uma vez na Praça do Almada, flores brancas foram sendo depositadas na Taça da Paz para no dia 1 de Janeiro de 2010 serem lançadas ao mar.
Recordamos que estão em exposição, até dia 16 de Janeiro, no Diana Bar, 21 trabalhos alusivos a este tema elaborados por crianças do concelho. Poderá conhecer esta exposição e aproveitar para deixar a sua mensagem na Árvore da Paz, exposta no mesmo local.
A próxima iniciativa no âmbito do Encontro pela Paz será o jogo de futebol Varzim SP x Portimonense SC, já no sábado, 19 de Dezembro.

PÓVOA DE VARZIM

Como se contam histórias – as lições de Francisco José Viegas na Póvoa de Varzim


Infopóvoa / Póvoa de Varzim
“Eu acho que se deve matar num sítio bonito”. A frase, de Francisco José Viegas , resume a tónica da conversa que, na noite da passada sexta-feira, 11 de Dezembro, marcou a apresentação de O Mar em Casablanca, o novo romance policial do escritor.
“Um autor de romances policiais pode matar quem quiser. Está de alguma maneira impune, ele não é convocado pela Judiciária”, disse o escritor que gosta de se ver “como um contador de histórias, porque faz parte da nossa natureza humana, contar e ouvir. É sempre nessa condição que me apresento como escritor”. E foram muitas as histórias que contou.
O autor recordou, por exemplo, o sucesso que Crime em Ponta Delgada teve nos Açores. “Toda a gente queria saber quem era o criminoso, quem era a vítima, quem era a jovem adúltera”, contando até a conversa que teve como Mota Amaral que lhe pediu que se o matasse nas suas histórias, nunca o fizesse antes das eleições. “Brincamos com a morte, com o crime”, assumiu, dando como exemplo os muitos e-mails que recebeu de leitores aquando da publicação dos folhetins Um Crime Capital, passado durante o Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, e o Um Crime na Exposição, que tinha como cenário Serralves, pedindo ao autor que matasse algumas figuras públicas. De facto, as histórias misturavam personagens reais, como a Administradora de Serralves, a que se juntavam personagens ficcionadas.
“O que nos interessa no romance policial? O crime interessa pouco, queremos pormenores”, considerou, recordando um e-mail que recebeu de uma leitora que acusou o escritor de não ter investigado o suficiente, pois uma das provas do crime em Um Crime Capital , uma peça de lingerie da Dolce & Gabbana, foi identificada pelo personagem Jaime Ramos como sendo de um modelo que, tal como a leitora descobriu, nunca foi comercializado pela marca italiana.

E Jaime Ramos é personagem incontornável nos livros de Francisco José Viegas , a sua popularidade chega mesmo a ultrapassar a do seu criador. “Costumo dizer que fiz um contrato com Jaime Ramos por x livros. Há oito livros que ele me acompanha. Tornou-se um hábito para mim e para os leitores. É uma criatura que eu criei e que se tornou independente”. Uma situação que parece não preocupar o escritor, que considera um “orgulho saber que um personagem nos ultrapassou”. Mas em O Mar em Casablanca o autor não sabia o que fazer com o inspector. “No livro, ele está à beira do precipício, tem um AVC”. Sobre a nova obra, pouco desvendou ou não fosse o mistério a alma do negócio. Passa-se no Norte, em Vidago, e estabelece algumas relações com Angola. O Mar em Casablanca procura também honrar os portugueses espalhados pelo mundo fora, “com histórias de heroísmo absoluto. Quero sempre contá-las no meio da história policial. Quero que se possa ler a história como se eu não a estivesse a contar”.
Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, elogiou a escrita de Francisco José Viegas neste romance policial. “Tem muita poesia no meio, tem aqui descrições que são verdadeiras prosas poéticas e há aqui frases absolutamente nominais, ou seja, o verbo desaparece”, analisou, sublinhando o ritmo que tal dá a uma frase, considerando que essa era uma marca da escrita de Francisco José Viegas.
Recordado que o escritor esteve presente no Correntes d’Escritas, o Vereador defendeu que “graças a pessoas como o Francisco José Viegas o Correntes d’Escritas tem, de facto, alcançado uma notoriedade que sem a participação de pessoas como o Francisco seria difícil”. Um elogio que Francisco José Viegas retribuiu, dizendo que “hoje em dia já são as Correntes d’Escritas que fazem o nosso nome”, exaltando o carácter pioneiro do evento. “A nossa felicidade, às vezes, são os livros. Por isso é que vimos às Correntes”.
Da Porto Editora , Ricardo Miguel Costa contou que “o Francisco José Viegas é seguramente aquele que tem mais convites para estar presente em sessões como esta. Achamos que era imprescindível estar na Póvoa de Varzim, não só pelas Correntes, mas porque a Póvoa de Varzim tem-se assumido como ponto essencial no roteiro que um autor tem que fazer”.
Muitas mais histórias foram contadas ao longo da noite, e outras tantas ficaram por contar. Uma olhar sobre a vida de um homem que escreve romances policiais “porque quero saber como acaba história”.