terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Paixão pela música culmina com sucesso do II Ciclo Cora-Sinfónico de Amorim

Infopóvoa / Póvoa de Varzim
Nem a chuva ou o frio tiraram o brilho ao II Ciclo Coral-Sinfónico de Amorim, que terminou ontem, 6 de Dezembro. Dois concertos na Igreja de Amorim e um concerto didáctico-pedagógico fizeram parte do programa ao qual, e mais uma vez, não faltou público.
O Ciclo começou no dia 1 com a interpretação de “Stabat Mater”, de Pergolesi. Como referiu Guilherme Peixoto, Pároco de Amorim, o público quase lotou os 350 lugares da Igreja de Amorim, assistindo a este concerto onde as vozes da da mezzo-soprano Joana Valente e da soprano Liliana Sofia Coelho foram abrilhantadas pela Orquestra do Norte, pelo Amorim & Laundos Ensemble, pelo Ensemble Vocal Pró-Música, peloo Coro Juvenil do Conservatório de Música do Porto e pelo Pequenos Cantores de Amorim, dirigidos pelo Maestro José Manuel Pinheiro.
No dia seguinte, 2 de Dezembro, a Orquestra do Norte e o Maestro José Manuel Pinheiro foram à EB 2/3 de Amorim para dar uma aula diferente com o tema “Anatomia de uma Orquestra”. Reunidos no pavilhão da escola, alunos do 2º ciclo foram, pouco a pouco, sendo conquistados pelos instrumentos, aprenderam as classes onde estes se incluem e como se reúnem, de forma harmoniosa, numa orquestra.
Mas o grande momento de todo o Ciclo Coral-Sinfónico estava reservado para o fim, com o concerto de dia 6, que lotou, por completo, a Igreja de Amorim. “The armed man: a mass for peace” (O Homem Armado: Uma Missa para a Paz) foi interpretado pela Orquestra do Norte, pelo Amorim & Laundos Ensemble, pelo Ensemble Vocal Pró-Música, pelo Coro de São Tarcísio, pelo Coro Manuel Giesteira e pelos Pequenos Cantores de Amorim. Participaram ainda a mezzo-soprano Patrícia Quinta e o barítono Pedro Telles.
Esta obra, da autoria de Karl Jenkins, tem uma forte participação de percussão, a par da orquestra. Ao longo de todo o concerto, e numa tela de seis metros, foram exibidas imagens de guerra e paz, um vídeo elaborado propositadamente para o concerto. Isto porque esta peça é composta por 13 actos, cada um representando o evoluir de um cenário de guerra. Da chamada, em árabe, para os fieis rezarem, interpretada por Abdul Rehman, do Centro Cultural Islâmico do Porto, passando pelos ritmos de presságio e preparação para o conflito até à guerra em si, “The Armed Man” terminou com “Hossanna in excelsis”, um final de esperança, com a afirmação de que “a Paz é melhor do que a Guerra”.

O Ciclo Coral-Sinfónico está de volta em 2011, mantendo o objectivo de proporcionar espectáculos musicais de qualidade fora do centro urbano. E tal como refere Guilherme Peixoto, é também uma excelente oportunidade para que os Pequenos Cantores de Amorim trabalhem em conjunto com outros coros, “aprendendo que não estão sozinhos na música”. O Pároco referiu ainda que este Ciclo “foi organizado debaixo de dificuldades económicas, graças à boa vontade dos solistas e músicos que participaram. Tal mostra que tudo é possível quando está em causa a paixão pela Música”.

A Terra Portuguesa – mais de 100 anos depois, a história repete-se


Infopóvoa / Póvoa de Varzim
Já se passaram mais de 100 anos sobre a primeira edição de A Terra Portuguesa. No entanto, na passada sexta-feira, 4 de Dezembro, data em que se lançou a segunda edição, ficou bem marcada a ideia de que esta obra de Rocha Peixoto mantém, ainda, a sua actualidade.
Reeditado no âmbito das Comemorações do 1º Centenário da morte de Rocha Peixoto, A Terra Portuguesa é um conjunto de 26 crónicas que o cientista poveiro publicou no jornal “O Primeiro de Janeiro”.
José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, não deixou de frisar a “actualidade extraordinária” de A Terra Portuguesa, da autoria de “um homem enciclopédico”. “A vida é mesmo assim, repete-se”. De facto, e um pouco à semelhança do que se passa hoje em dia no país, o autarca notou que as crónicas transmitiam o sentimento de que havia a falta de entidades que desempenhassem uma política estratégica para o país, “a falta de homens que interpretassem o desígnio nacional e que tivessem a coragem de o implementar”.
Recorrendo à sua experiência profissional como médico, em que o método passa por observar, fazer o diagnóstico e tratar, Macedo Vieira fez o paralelo com a gestão do país. Mas, como afirmou, “gerir pessoas é complicado. Somos um país muito complexo, a nossa genética é muito complicada e quanto mais se estuda, mais complicada fica”, defendeu, recordando que os portugueses são uma mistura de vários povos, como celtas, visigodos, romanos, árabes. “Daí a nossa propensão natural para a ingovernabilidade. Falta-nos o desígnio, o objectivo, o rumo e falta-nos quem nos interprete isto”. Assim, o autarca considera que “o pensamento de Rocha Peixoto é actual e resistiu à prova do tempo da História”. E, como afirmou, observar e diagnosticar qualquer um consegue. Mas só os grandes líderes têm a capacidade de implementar o ‘tratamento’.
João Francisco Marques, Presidente da Comissão Organizadora da Comemoração do 1º Centenário da morte de Rocha Peixoto, explicou que o lançamento desta obra deveria ter ocorrido no fecho das comemorações. No entanto, “incidentes vários levaram-nos a adiar esse fecho para mais tarde, incluindo ele a inauguração da estátua de Rocha Peixoto, junto da Biblioteca Municipal, e uma exposição biobibliográfica sobre este grande poveiro e grande cientista”.

Elogiando a dedicação da Câmara Municipal, que “tendo há anos feito grandes celebrações a propósito do aniversário sobre o 1º centenário do nascimento, decidiu não deixar passar em silêncio esta outra data, a sua morte”, João Francisco Marques explicou que A Terra Portuguesa “dedica-se a contemplar a terra, isto é, o solo onde nós assentamos, desde o nascimento à morte, esta metrópole que é sujeita a tanto estudo e não menos controvérsia”. Situando temporalmente as crónicas, esclareceu que estas foram escritas em tempo de crise. “Estávamos em finais do século XIX, a recuperar do Ultimatum, com dois partidos em rotativismo – o Partido Regenerador e o Partido Progressista”. Esta crise, considerou, devia-se ao facto de faltarem “três respostas essenciais a um país que clamava por soluções urgentes: o problema económico, o problema do ensino e o problema energético”. Contrariedades que ainda hoje se fazem sentir no nosso país.
“Estas são crónicas breves mas sempre variadas”, adjectivou João Francisco Marques, “e justifica Rocha Peixoto a sua reunião dizendo que ‘a desconexidade dos temas podem ser vistos pela unidade da intenção que a eles presidiu o seu tratamento’”. E como defendeu, “é uma obra didáctica que analisa e indica soluções. É um livro político, mas de um homem voltado para a realidade do seu país”.
Rocha Peixoto, ilustre poveiro multifacetado, que no seu caminho profissional foi arqueólogo, etnólogo, bibliotecário, naturalista, entre muitos outros, nasceu na Póvoa de Varzim a 18 de Maio de 1866 e faleceu em Matosinhos, a 2 de Maio de 1909, a poucos dias de completar 43 anos. A Terra Portuguesa, cuja reedição faz parte da colecção “Na Linha do Horizonte – Biblioteca Poveira”, com o número 23, foi lançada, pela primeira vez, em 1897.
A Comemoração do 1º Centenário da morte de Rocha Peixoto tem um
site próprio na internet, onde pode consultar o programa e também aceder a documentos, livros e fotografias que fazem parte do acervo de Rocha Peixoto.



“Não é voluntário quem quer” – Póvoa celebrou Dia Internacional do Voluntariado

Infopóvoa / Póvoa de Varzim
A 5 de Dezembro comemorou-se o Dia Internacional do Voluntariado. Para assinalar a data, na Póvoa de Varzim, conversou-se sobre o papel do voluntário na sociedade e na economia, numa tarde que terminou com a assinatura de contratos por dez novos voluntários que passam, assim, a integrar a Bolsa Concelhia de Voluntariado da Póvoa de Varzim (BCVPV).
“A vossa atitude de entreajuda é fundamental”, reconheceu Andrea Silva, Vereadora do Pelouro da Acção Social, dirigindo-se aos voluntários presentes e também às entidades parceiras da BCVPV - Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, A Beneficente, o Núcleo da Póvoa de Varzim da Cruz Vermelha, a Liga dos Amigos do Hospital Póvoa de Varzim/Vila do Conde, o MAPADI, a Escola Profissional de Esposende e o Instituto Maria da Paz Varzim.
Recordando que a Bolsa Concelhia existe desde 2004, ainda que de uma forma informal, tendo apenas sido regulamentada em 2007, a Vereadora elogiou o trabalho de quem dá “o que pode oferecer, sem esperar qualquer proveito. Reconheço o alto valor da vossa oferta. Com o vosso trabalho estamos a contribuir para uma maior inclusão social”. Andrea Silva apresentou também alguns números, avançando que, segundo um estudo da Universidade John Hopkins, de 2007, concluiu-se que três em cada dez europeus fazem trabalho voluntário, número que permite afirmar que, na União Europeia existem cerca de 100 milhões de voluntários.
Após este momento de boas-vindas e agradecimento, a audiência ouviu Fernanda Rodrigues, Coordenadora do Plano Nacional de Acção para Inclusão, falar sobre o papel do voluntariado na sociedade e na economia. Afirmando que a área do voluntariado ainda tem lacunas, avisou sobre o facto do voluntariado ter diferentes tipos de entendimento, fruto também das circunstâncias e cultura de cada país. Na opinião da coordenadora, é também importante pensar que não são só os voluntários que dão à sociedade. “Temos que ter atenção a reciprocidade da nossa sociedade, isto é, quais as oportunidades que a sociedade cria para que o voluntariado exista”.
No entanto, não se pode negar a relevância societal do voluntariado, que permite ajudar os outros, contribui para o dialogo intercultural, promove a convivência entre as diversas faixas etárias, fomenta a solidariedade entre gerações, contribui para o envelhecimento activo e também para a maturidade activa e permite a participação societal em períodos de desemprego.
Porém, são várias as dificuldades a nível europeu no que respeita ao voluntariado. Uma delas é o facto de poder haver um potencial afastamento do voluntário face às exigências da educação, da família e até mesmo da carreira. Fernanda Rodrigues considera, igualmente, que existe falta de sensibilização e de informação sobre o sentido de voluntário e a falta de mecanismos de apoio. “Não é voluntário quem quer, é quem se prepara para ser”, defendeu.
O valor económico do voluntariado pode ser, para alguns, uma questão contraditória. Mas para Fernanda Rodrigues não é, já que, por exemplo, o voluntariado pode promover a empregabilidade. “A área do voluntariado passou a ser uma área de valorização curricular”, frisou, explicando que o voluntariado permite a aquisição de competências, aptidões e habilitações. Além do mais, é uma forma de aprendizagem ao longo da vida e estudos indicam que as pessoas voluntárias têm menos possibilidade de ficarem desempregadas. Assim, estima-se que o trabalho de voluntariado representa, em média, 5% a 7% da riqueza do país e representa também uma força de trabalho lucrativa. “Por cada euro que uma organização gasta com um voluntário, recebe três”, exemplificou. Considerando ainda que o voluntariado representa uma poupança significativa para os serviços públicos, Fernanda Rodrigues chamou a atenção para o facto de o voluntariado ser “uma actividade complementar, não substitui o mercado de trabalho”.

Em Portugal, o trabalho voluntário tem já um enquadramento jurídico-legal. Segundo um estudo da Universidade Católica existem, no país, milhão e meio de portugueses envolvidos em actividades de voluntariado.
Sobre o futuro, Fernanda Rodrigues espera a consagração a nível europeu do voluntariado que, considera “está já num crescendo no que respeita ao seu papel na sociedade”. Em 2011 decorrerá o Ano Europeu das Actividades Voluntárias para Promover a Cidadania Activa, com o objectivo de criar um ambiente propício ao voluntariado, dar meios às organizações voluntárias e melhorar a sua qualidade, recompensar e reconhecer o trabalho voluntário e sensibilizar para o valor e importância do voluntariado.
No final, e em conversa com os muitos presentes, Fernanda Rodrigues frisou duas ideias: a primeira de que o trabalho de preparação dos voluntários é muito importante ; a segunda, de que deve haver sempre a preocupação de adaptar o perfil do voluntário ao trabalho que vai desempenhar.
Seguiu-se a assinatura dos contratos de voluntariado por parte de dez novos voluntários, a que se juntarão outros três, que não puderam estar presentes na cerimónia. Para Andrea Silva, estas novas adesões representam “um estímulo para que se continue a trabalhar para o voluntariado na Póvoa de Varzim”.