quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ministra da Educação instiga ao prazer da leitura em Conferência de Abertura do Correntes

Isabel Alçada e José Carlos de Vasconcelos

Infopóvoa / Póvoa de Varzim
“A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, é um estímulo ao desenvolvimento intelectual insubstituível.” referiu Isabel Alçada, Ministra da Educação, esta tarde na Conferência de Abertura do Correntes d’Escritas.

A propósito de Leitura, Escrita e Educação, a ministra e escritora falou essencialmente do Plano Nacional de Leitura, iniciativa do Governo de que foi comissária. “Na origem esteve a intenção de criar leitores” revelou Isabel Alçada referindo-se a este projecto que tem como objectivo central elevar os níveis de literacia dos portugueses e colocar o país a par dos nossos parceiros europeus. O Plano Nacional de Leitura é nítido no quadro educativo, associando educação e cultura, sob a máxima “cada leitor pode ser promotor de leitura”, afirmou a ministra. Quanto à orientação seguida pelo Plano, a escritora disse que foi para que houvesse um aconselhamento de leituras com total abertura, disponibilizando para o efeito conjuntos de listas de livros bastante amplas sugerindo que a leitura fosse feita em primeiro lugar na sala de aula. Deste modo, haveria maior equidade permitindo às crianças que não têm quem as incentive a ler um contacto mais próximo com o livro. “Colocando o livro na sala de aula, temos a certeza que ninguém escapa”, afirmou, acrescentando que “os livros têm de ser lidos na íntegra, de fio a pavio”. A escritora considera que quanto mais cedo a leitura até ao fim, melhor para o desenvolvimento desta competência que se torna mais enriquecedora quanto maior a diversidade de leituras que conduz à multiplicação de experiências. Suscitar a leitura através da experimentação do prazer de ler é fundamental para Isabel Alçada que acha que o leitor tem que se sentir mergulhado na leitura e para tal revelou que procurou seguir uma via “capturar a atenção e o interesse do leitor desde o primeiro parágrafo e manter essa atenção e interesse garantindo que o livro seria lido até ao fim”.


Isabel Alçada lembrou ainda que o Plano Nacional de Leitura surgiu a partir de um terreno sólido que são as bibliotecas, em primeiro lugar, as públicas que têm feito um trabalho muitíssimo importante e “são um equipamento estruturante na promoção das leitura e da escrita” e também as bibliotecas escolares, que através da Rede de Bibliotecas Escolares chega já a três mil escolas e que o governo pretende continuar a desenvolver alargando a escolas do 1º ciclo e jardins-de-infância dispondo este ano de 1,6 milhões de euros para o efeito.
Para expressar a preocupação sentida em identificar o que é mais apropriado para as crianças lerem, a ministra recorreu a uma passagem da obra Da Educação de Almeida Garrett em que o autor faz a seguinte recomendação de um livro a uma criança de dez anos, “deve ser um livro de história o primeiro que aos meninos se dê, uma história de factos singelamente contados em linguagem casta e fluente”.
Acompanhe o Correntes d’Escritas no
portal municipal, onde pode também consultar o programa e participantes.

Feira do Livro arranca hoje com o Correntes d'Escritas


Infopóvoa / Póvoa de Varzim
A partir de hoje, a Casa da Juventude acolhe a Feira do Livro, inserida da 11ª edição do Correntes d'Escritas. Até sábado, dia do encerramento do Encontro de Escritores de Expressão Ibérica, poderá encontrar neste espaço uma infinidade de títulos, muitos deles da autoria de escritores que participam ou que já participaram no evento. Uma oportunidade para adquirir uma obra do seu escritor preferido presente nesta edição e, logo de seguida, pedir uma dedicatória especial para si. Afinal, o Correntes d'Escritas é isto mesmo, um Encontro de cumplicidades e afectos onde os escritores, autores dos livros que nos fazem sonhar, viajar, rir e chorar, convivem tão proximamente com os seus leitores.
Esteja atento ao
Portal Municipal para acompanhar todas as novidades desta 11ª edição do Correntes d'Escritas.

Sessão de Abertura divulga vencedores e desvenda revista Correntes d’Escritas 9

Infopóvoa / Póvoa de Varzim

O Casino da Póvoa foi, esta manhã, o local do arranque da 11ª edição do Correntes d’Escritas. O anúncio dos vencedores dos três concursos literários e o lançamento da revista Correntes d’Escritas 9, cujo dossiê é dedicado a Agustina Bessa-Luís, foram os pontos altos da sessão.
A Maria Velho da Costa, que com Myra venceu o
Prémio Literário Casino da Póvoa no valor de 20 mil euros, juntam-se, à lista de premiados, Miguel Rocha de Pinho, que sob o pseudónimo Alarido dos Começos venceu o Prémio Literário Correntes d’Escritas/Papelaria Locus com o conto “A História do Velho Entristecido com a Vida” e ainda os alunos vencedores do Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas/Porto Editora. E são eles: 1º prémio para os alunos do 4º ano do jardim-escola João de Deus, de Salreu, Estarreja com A Casa Misteriosa; 2º prémio para os alunos do 4º B da EB 1 de Ferreiros, Baguim do Monte, com Contou-me o meu avô; 3º prémio para alunos do 4º ano, TO2 da EB1 Monte, de Touguinhó, com João Ratinho à procura de casa. Foram ainda atribuídas menções honrosas aos alunos do 4º ano da Secção Portuguesa da Escola Europeia do Luxemburgo, exclusivamente pela ilustração de Miguelras em busca de amigos, e aos alunos do 4º ano AL4, da EB1 / JI de Arcozelo, Santo Tirso, exclusivamente pelo texto de Um anjo diferente.
As actas e declarações de voto relativas aos três prémios estão disponíveis para consulta no
portal municipal.



Momento igualmente aguardado, a apresentação da revista Correntes d’Escritas contou com uma evocação a Agustina Bessa-Luís por Inês Pedrosa. A escritora recordou o receio que tinha em “falar com a Agustina, ouvia dizer que ela era uma pessoa muito difícil, o que não é verdade”. “Quando uma pessoa ama muito uma obra tem medo desse confronto”, justificou. “Tendo trabalhado em jornalismo cultural durante muitos anos, cheguei à conclusão que os escritores até são das pessoas de mais fácil convívio, e amigos uns dos outros”, analisou a escritora. Características que se estendem a Agustina Bessa–Luís, “há nela uma disponibilidade, uma generosidade e uma vontade de apoiar”.
Analisando o seu percurso literário, Inês Pedrosa defende que “de livro para livro a sua mão foi-se tornando mais leve, a escrita mais certeira. Os seus últimos romances têm uma escrita mais transparente e rápida”. A fuga aos convencionalismos no que toca à criação de personagens e momentos de acção ou as relações humanas de que sempre fala nos seus livros são características da autora de A Sibila, nascida em Vila Meã, Amarante, a 15 de Outubro de 1922, e que “se não fosse escritora teria sido uma óptima política”. “Mais do que adorada, a Agustina precisa de ser amada”, defendeu Inês Pedrosa.
Mónica Baldaque, filha de Agustina Bessa-Luís esteve presente na sessão. “A minha mãe sempre disse que não gostava de homenagens. Há três anos que está doente e há três anos que a represento nestas situações”, contou, mostrando-se no entanto agradada com esta homenagem em forma de “belíssima revista” que conta com textos de vários autores sobre Agustina Bessa-Luís.



Mais do que uma retrospectiva da carreira literária da autora, Mónica Baldaque preferiu falar sobre as memórias que a mãe preservou e que a filha revisita. Memórias essas que se podem encontrar na obra infantil Chapéu de Fitas a Voar. “Todos nós somos responsáveis na construção de memórias das crianças. Foi isso que eu herdei da minha mãe”, afirmou, recordando as tertúlias no Diana Bar, na Póvoa de Varzim, que a mãe mantinha com personalidades como José Régio, Fausto José ou Manuel d’Oliveira, e a que Mónica Baldaque assistia nos intervalos dos seus passeios de bicicleta pela marginal poveira. A esta memória juntam-se as das férias de Verão passadas na cidade, as temporadas na Quinta dos Cavaleiros e na Casa dos Passos, onde Agustina foi buscar a inspiração para escrever A Sibila, ou na Casa do Douro.
Em representação dos escritores, valter hugo mãe dirigiu breves palavras à assistência. “Sinto uma alegria muito grande ao ver os escritores aqui reunidos”, afirmou o autor para quem “vale a pena correr o risco de conhecer os escritores porque se é verdade que nos desiludem aqui e acolá”, em alguns casos a “maravilha da obra corresponde à maravilha humana”.
No encerramento da sessão, Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, mostrou-se preocupado com “uma ameaça que paira sobre todos nós” – os obstáculos à liberdade do pensamento e da sua expressão. No caso dos jornais essa preocupação justifica-se na medida em que a reorganização do mercado, a multiplicação dos suportes electrónicos, a queda das tiragens e das receitas de publicidade, entre outros, ameaça a sobrevivência do jornal, por isso mais permeável “à falta de transparência. Quanto menor a circulação livre de jornais num país, mais alta é a sua posição nos abusos de autoridade. Jornais financeiramente frágeis têm maior probabilidade de se comprometerem a nível ético, moral e de isenção”. Por isso, defendeu o autarca que “a perspectiva de um mundo sem jornais é, pois, em si mesma, motivo de alarme para quantos amam a liberdade e a democracia. O modelo de sociedade em que vivemos pode estar seriamente em causa”.
O livro, no entanto, continua a sobreviver, apesar de anunciada “vezes sem conta” a sua morte. “Cada vez é mais procurado e se vende mais. E não espanta que assim seja, até por essa incontornável vantagem natural que é a sua adequação à comodidade e ao prazer do leitor”. Mas, admite Macedo Vieira, que os leitores do futuro “achem natural ler num ecrã”. Mas mesmo assim acredita que “o futuro do livro, seja lá qual for, vai ser risonho. Sobretudo quando vemos o sucesso que, com vosso contributo, atingiram estas Correntes que, em torno das escritas de expressão ibérica, há 11 anos fazem crescer, na Póvoa de Varzim, a paixão pelos livros, traduzida em mais leitura e melhores leitores”.
Na sessão, destaque ainda para a colaboração com a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, que fez distribuir uns pequenos marcadores com um texto sobre os Direitos das Crianças. Neste âmbito, foram ainda lidos três textos sobre o tema por duas crianças e um adolescente.
O Correntes d’Escritas continua esta tarde, às 15h30, com a C0nferência de Abertura, proferida pela Ministra da Educação, Isabel Alçada. Segue-se, às 17h00, a 1ª mesa com o tema “Escrevo para desiludir com mérito”, uma citação de Agustina Bessa-Luís, assim duplamente homenageada.
Siga cada momento do Correntes d’Escritas no
portal municipal, onde pode também encontrar o programa.

Maria Velho da Costa vence Prémio Casino da Povoa

Infopóvoa / Póvoa de Varzim
Maria Velho da Costa é a vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa com a obra Myra. O anúncio foi feito há momentos na Sessão Oficial de Abertura, no Casino da Póvoa. O júri, composto por Patrícia Reis, Carlos Vaz Marques, Dulce Maria Cardoso, Fernando J.B. Martinho e Vergílio Alberto Vieira, escolheu, entre 160 livros submetidos a concurso, dez obras finalistas. Eram elas: A Eternidade e o Desejo, de Inês Pedrosa; A Mão Esquerda de Deus, de Pedro Almeida Vieira; A Sala Magenta, de Mário de Carvalho; Myra, de Maria Velho da Costa; O apocalipse dos trabalhadores, de valter hugo mãe; O Cónego, de A. M. Pires Cabral; O Mundo, de Juan José Millás; O verão selvagem dos teus olhos, de Ana Teresa Pereira; Rakushisha, de Adriana Lisboa e Três Lindas Cubanas, de Gonzalo Celorio.
Maria Velho da Costa vence o Prémio Literário Casino da Póvoa depois de Lídia Jorge, com O Vento Assobiando nas Gruas (2004), António Franco Alexandre, com Duende (2005); Carlos Ruíz Záfon, com A Sombra do Vento (2006); Ana Luísa Amaral, com A Génese do Amor (2007); Ruy Duarte de Carvalho, com desmedida (2008); e Gastão Cruz, com A Moeda do Tempo (2009).
O Prémio Literário Casino da Póvoa, no valor de 20 mil euros, é o único prémio de cariz internacional que, em Portugal, ultrapassa as fronteiras da Língua Portuguesa.
Maria Velho da Costa é licenciada em Filologia Germânica, foi professora no ensino secundário e membro da direcção da Associação Portuguesa de Escritores. Tem o Curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e Psiquiatria e foi membro da Direcção e Presidente da Associação Portuguesa de Escritores, de 1973 a 1978. Foi leitora do Departamento de Português e Brasileiro do King's College, Universidade de Londres, entre 1980 e 1987. Tem sido incumbida pelo Estado português de funções de carácter cultural: foi Adjunta do Secretário de Estado da Cultura em 1979 e Adida Cultural em Cabo Verde de 1988 a 1991. Desempenhou ainda funções na Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e trabalha actualmente no Instituto Camões.
Consagrada, já em 1969, com o romance Maina Mendes, tornou-se mais conhecida depois da polémica em torno das Novas Cartas Portuguesas (1971), obra em que se manifesta uma aberta oposição aos valores femininos tradicionais. Esta publicação claramente anti-fascista e altamente provocatória para o regime, levou as suas três autoras a tribunal, tendo o 25 de Abril interrompido as sanções a que estavam sujeitas as denominadas 3 Marias: Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno.
Às teses de reivindicação feminina já enunciadas em “Novas Cartas Portuguesas", acrescenta-se, na sua obra, um inconformismo quanto aos cânones narrativos, inconformismo esse que se pode verificar também na sua obra de ensaio.
Sobre a obra vencedora: Myra é uma rapariga russa que deambula pelas paisagens tristes do Portugal contemporâneo, em fuga rumo ao Sul, mas com esperanças de voltar ao Leste de onde emigrou. Durante a longa jornada iniciática, sempre com um Pitbull Terrier por perto, ela revela um extraordinário instinto de sobrevivência, feito de “manha e força”. Conforme as circunstâncias, ora cita Camões, ora fala como a “lerdinha” que não é. E assim vai avançando por entre “criaturas íngremes”, através dos vários círculos do Mal, num mundo cheio de “dor e dano”.A primeira parte do romance é composta por uma sucessão de encontros on the road: com um camionista alemão, amante de uma pintora desbocada que faz lembrar Paula Rego; com um padre, heterodoxo ao ponto de dizer que “a castidade é porca” (enquanto transporta na sua carrinha uma mulher a morrer de SIDA); com um marinheiro cego e maneta chamado Alonso (como o herói do Quixote); entre outras personagens menores. Isto até descobrir Orlando/Rolando, um “rapaz pardo” que lhe aparece todo vestido de branco junto a um Land Rover também branco, “parado como um dócil corcel expectante”. A partir daqui, a história como que estaca na esfera deste cabo-verdiano, a quem Myra se entrega num idílio amoroso, cortado cerce por uma cena de carjacking que precipita de vez a acção no mais sórdido sub-mundo do crime.
O Prémio será entregue no sábado, na Sessão de Encerramento do Correntes d'Escritas.


“Abertura informal” do Correntes d'Escritas aconteceu ontem


Infopóvoa / Póvoa de Varzim
A abertura oficial do Correntes d’Escritas acontece hoje de manhã. No entanto, ontem à noite, como Luís Diamantino referiu, decorreu, no Axis Vermar, “a abertura informal do Encontro” com o lançamento das obras Antes de ser feliz, de Patrícia Reis, e Obra Poética, de Tiago Gomes. O vereador do Pelouro da Cultura mencionou que “nunca dei tantas entrevistas como este ano. Uma das perguntas mais frequentes foi qual dos escritores presentes nesta edição é que eu gostaria de destacar. A minha resposta foi simples: todos são estrelas e todos são tratados como se fossem os únicos convidados do Correntes d’Escritas”. Dos 66 escritores, 33 vão participar no Encontro pela primeira vez. A estes, Luís Diamantino assegurou que iriam ficar rendidos à magia, aos afectos, às conversas e às cumplicidades do Correntes.
Patrícia Reis trouxe ontem, à Póvoa, a obra Antes de ser feliz. O espaço da história é a bela Figueira da Foz, guardiã de memórias de Verão e outras vivências. Um miúdo apaixona-se na idade em que os sentimentos são voláteis e sem importância. O objecto do seu amor é uma rapariga difícil, esquiva e perturbada. Esta obra surgiu com uma “encomenda” do Casino da Figueira da Foz que comemorou 125 anos. Nada melhor para assinalar a data do que uma história à volta da cidade e das suas festas.

A escritora fez parte do júri do Prémio Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa, que se reuniu, ontem à noite, após o lançamento destas duas obras, para decidir qual a obra vencedora. Patrícia Reis considerou “tramada” a lista dos dez livros finalistas, pelo que a noite se adivinhava longa. Recordamos que a obra vencedora será anunciada hoje, às 11h00, no Casino da Póvoa, na Abertura Oficial do Correntes d’Escritas.
Tiago Gomes apresentou a sua Obra Poética. O escritor, com grande sentido de humor e informalidade, disse que “não me atrevo a ler nenhum dos meus poemas”. Depois dos títulos Caixa Negra de Avião Desviado por Ataque Terrorista, Brincadeiras com Cianeto, Viola-me eléctrica ou Homem Vago em Cinzento chega aos leitores uma obra de boa poesia.
Depois da apresentação das obras seguiu-se uma sessão de poesia.