terça-feira, 21 de julho de 2009

“Os silêncios são parte da conversa” – Mia Couto apresentou Jesusalém

Infopóvoa / Póvoa de Varzim
O Diana Bar, acolheu, no passado sábado, mais de uma centena de pessoas que não quiseram perder a oportunidade de estarem com Mia Couto na sessão de lançamento do seu mais recente livro Jesusalém.

O escritor moçambicano esteve, uma vez mais na nossa cidade e assumiu que “é uma felicidade renovada estar na Póvoa de Varzim” acrescentando que se sente muito bem aqui. Mia Couto disse que se sentia feliz pela família alargada que sempre encontra na Póvoa, com a qual existe um laço que se foi reforçando. A satisfação por este encontro é recíproca e Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, também a manifestou afirmando que “da Póvoa de Varzim, Mia Couto tem tudo o que quiser e é com muito agrado e carinho que o recebemos”. “Mia Couto faz parte do nosso movimento organizado de escritores”, acrescentou Luís Diamantino.
Zeferino Coelho, da Caminho, editora portuguesa de Mia Couto, acompanha o escritor pelo país no lançamento deste livro e reconheceu o êxito conseguido em mais uma obra.
Sobre Jesusalém, Mia Couto revelou que se trata de “uma história que tem muitas histórias, que reflecte a dificuldade sentida em relacionarmo-nos com o tempo já vivido que ou é uma mentira ou é algo encrostado em nós”. O protagonista da história é Silvestre Vitalício, que transporta os filhos – Mwanito e Ntunzi – para um lugar fora da vida, a que dá o nome de Jesusalém. É ele quem define as fronteiras do seu mundo e ninguém está autorizado a entrar nesse território, onde tudo é baptizado de novo. Só Mwanito não é renomeado, ele é ao mesmo tempo a terra como personagem, é portador de memórias que nos chegam de forma confusa. E sobre esta personagem, designada como “afinador de silêncios”, Mia Couto confessou que “tem um pouco de mim. Na minha família, eu era o que estava calado”, criando expectativa da parte do pai perante esse silêncio. “Em África, os silêncios são parte da conversa. O silêncio é uma outra maneira da palavra viver e há coisas que não podem ser ditas de outra maneira”, concluiu o escritor moçambicano.

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