terça-feira, 8 de dezembro de 2009

“Não é voluntário quem quer” – Póvoa celebrou Dia Internacional do Voluntariado

Infopóvoa / Póvoa de Varzim
A 5 de Dezembro comemorou-se o Dia Internacional do Voluntariado. Para assinalar a data, na Póvoa de Varzim, conversou-se sobre o papel do voluntário na sociedade e na economia, numa tarde que terminou com a assinatura de contratos por dez novos voluntários que passam, assim, a integrar a Bolsa Concelhia de Voluntariado da Póvoa de Varzim (BCVPV).
“A vossa atitude de entreajuda é fundamental”, reconheceu Andrea Silva, Vereadora do Pelouro da Acção Social, dirigindo-se aos voluntários presentes e também às entidades parceiras da BCVPV - Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, A Beneficente, o Núcleo da Póvoa de Varzim da Cruz Vermelha, a Liga dos Amigos do Hospital Póvoa de Varzim/Vila do Conde, o MAPADI, a Escola Profissional de Esposende e o Instituto Maria da Paz Varzim.
Recordando que a Bolsa Concelhia existe desde 2004, ainda que de uma forma informal, tendo apenas sido regulamentada em 2007, a Vereadora elogiou o trabalho de quem dá “o que pode oferecer, sem esperar qualquer proveito. Reconheço o alto valor da vossa oferta. Com o vosso trabalho estamos a contribuir para uma maior inclusão social”. Andrea Silva apresentou também alguns números, avançando que, segundo um estudo da Universidade John Hopkins, de 2007, concluiu-se que três em cada dez europeus fazem trabalho voluntário, número que permite afirmar que, na União Europeia existem cerca de 100 milhões de voluntários.
Após este momento de boas-vindas e agradecimento, a audiência ouviu Fernanda Rodrigues, Coordenadora do Plano Nacional de Acção para Inclusão, falar sobre o papel do voluntariado na sociedade e na economia. Afirmando que a área do voluntariado ainda tem lacunas, avisou sobre o facto do voluntariado ter diferentes tipos de entendimento, fruto também das circunstâncias e cultura de cada país. Na opinião da coordenadora, é também importante pensar que não são só os voluntários que dão à sociedade. “Temos que ter atenção a reciprocidade da nossa sociedade, isto é, quais as oportunidades que a sociedade cria para que o voluntariado exista”.
No entanto, não se pode negar a relevância societal do voluntariado, que permite ajudar os outros, contribui para o dialogo intercultural, promove a convivência entre as diversas faixas etárias, fomenta a solidariedade entre gerações, contribui para o envelhecimento activo e também para a maturidade activa e permite a participação societal em períodos de desemprego.
Porém, são várias as dificuldades a nível europeu no que respeita ao voluntariado. Uma delas é o facto de poder haver um potencial afastamento do voluntário face às exigências da educação, da família e até mesmo da carreira. Fernanda Rodrigues considera, igualmente, que existe falta de sensibilização e de informação sobre o sentido de voluntário e a falta de mecanismos de apoio. “Não é voluntário quem quer, é quem se prepara para ser”, defendeu.
O valor económico do voluntariado pode ser, para alguns, uma questão contraditória. Mas para Fernanda Rodrigues não é, já que, por exemplo, o voluntariado pode promover a empregabilidade. “A área do voluntariado passou a ser uma área de valorização curricular”, frisou, explicando que o voluntariado permite a aquisição de competências, aptidões e habilitações. Além do mais, é uma forma de aprendizagem ao longo da vida e estudos indicam que as pessoas voluntárias têm menos possibilidade de ficarem desempregadas. Assim, estima-se que o trabalho de voluntariado representa, em média, 5% a 7% da riqueza do país e representa também uma força de trabalho lucrativa. “Por cada euro que uma organização gasta com um voluntário, recebe três”, exemplificou. Considerando ainda que o voluntariado representa uma poupança significativa para os serviços públicos, Fernanda Rodrigues chamou a atenção para o facto de o voluntariado ser “uma actividade complementar, não substitui o mercado de trabalho”.

Em Portugal, o trabalho voluntário tem já um enquadramento jurídico-legal. Segundo um estudo da Universidade Católica existem, no país, milhão e meio de portugueses envolvidos em actividades de voluntariado.
Sobre o futuro, Fernanda Rodrigues espera a consagração a nível europeu do voluntariado que, considera “está já num crescendo no que respeita ao seu papel na sociedade”. Em 2011 decorrerá o Ano Europeu das Actividades Voluntárias para Promover a Cidadania Activa, com o objectivo de criar um ambiente propício ao voluntariado, dar meios às organizações voluntárias e melhorar a sua qualidade, recompensar e reconhecer o trabalho voluntário e sensibilizar para o valor e importância do voluntariado.
No final, e em conversa com os muitos presentes, Fernanda Rodrigues frisou duas ideias: a primeira de que o trabalho de preparação dos voluntários é muito importante ; a segunda, de que deve haver sempre a preocupação de adaptar o perfil do voluntário ao trabalho que vai desempenhar.
Seguiu-se a assinatura dos contratos de voluntariado por parte de dez novos voluntários, a que se juntarão outros três, que não puderam estar presentes na cerimónia. Para Andrea Silva, estas novas adesões representam “um estímulo para que se continue a trabalhar para o voluntariado na Póvoa de Varzim”.

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