sexta-feira, 14 de maio de 2010

PÓVOA DE VARZIM

Luísa Dacosta encontra-se com público infantil, na Póvoa de Varzim
Infopóvoa / Póvoa de Varzim
Luísa Dacosta esteve esta manhã, 14 de Maio, na Biblioteca Municipal. A escritora veio à Póvoa de Varzim para se encontrar com alunos do 4º ano de escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico do concelho que participaram na actividade “Agora acabamos nós”.
A iniciativa foi proposta pelo Serviço Educativo da Biblioteca que desafiou os alunos a darem um final ao conto O Elefante Cor-de-Rosa, da autoria de Luísa Dacosta. Os grupos do 1ºCEB que colaboraram nesta actividade de incentivo à escrita e leitura deram um fim à referida história, que lhes foi previamente narrada omitindo o seu fim. Agora, na presença da autora, os grupos escolares apresentam o trabalho colectivo que lhes foi proposto. Durante a manhã, a escritora esteve com alunos da Escola dos Sininhos e Nova, sendo que à tarde serão os alunos da Escola do Desterro e novamente Sininhos a expor o seu trabalho a Luísa Dacosta.

Esta actividade repete-se segunda-feira, 17 de Maio, às 10h00 e às 15h00, desta vez na biblioteca escolar da EB1 Aldeia Nova em Aver-o-Mar, com turmas das escolas de Refojos e Aldeia Nova.
O Elefante Cor-de-Rosa, das Edições Asa, pertence ao Plano Nacional de Leitura, sendo um dos livros recomendados para o 4º ano de escolaridade destinado a leitura orientada na sala de aula. Trata-se reedição de um pequeno conto de Luísa Dacosta – porventura um dos mais emblemáticos da sua obra no domínio da literatura infantil –, que conserva as ilustrações originais da primeira edição (de 1974), da autoria de Armando Alves. A história desenrola-se em torno de um pequeno elefante cor-de-rosa, que é a cor dos sonhos das crianças, e fala-nos, num primeiro momento, do “mundo amável” em que ele vivia, juntamente com outros elefantes cor-de-rosa. Era um mundo de paz e de alegria, onde não havia sofrimento. Confrontado, num segundo momento, com a morte inesperada deste seu mundo, o elefante vê-se obrigado a partir e acaba por ir viver para a imaginação de uma criança!
Uma história de sonho e fantasia, que aborda, porém, ainda que de forma magistralmente subtil, valores tão importantes como a amizade, a solidariedade e a entreajuda. Aparentemente simples, na forma e no conteúdo, este pequeno conto revela-se, afinal, fortemente cativante, seduzindo tanto pela riqueza das emoções que desperta como dos simbolismos que encerra – tão ao jeito de Luísa Dacosta!
Professora e escritora, Luísa Dacosta é bem conhecida dos poveiros, sendo também bem conhecida a sua profunda ligação á Biblioteca Municipal, cujas actividades acompanha regularmente.

Luísa Dacosta nasceu em Vila Real, em 1927. Na Faculdade de Letras de Lisboa terminou o curso de histórico-filosóficas, mas não a licenciatura, e sobre a sua formação a escritora revela: ”As minhas universidades foram as mulheres de Aver-o-Mar, que murcham aos trinta anos, vivem e morrem na resignação de ter filhos e do os perder, na rotina de um trabalho escravo, sem remuneração, espancadas como animais de carga, e que mesmo afeitas, num treino de gerações, às vezes não aguentam e se suicidam (oh! Senhora das Neves! E tu permites!) depois de um parto, quando o mundo recomeça num vagido de criança! Às mulheres de Aver-o-Mar devo a língua, ao rés do coloquial.”
Professora do ensino oficial, Luísa Dacosta começou a sua vida literária em 1955 com o livro de contos Província. No domínio da ficção, editou: Vovó Ana, Bisavó Filomena e Eu (1969) e Corpo Recusado (1985). No campo da crónica, publicou Aver-o-Mar (1980) e Morrer a Ocidente (1990). Na Água do Tempo (1992) constitui um diário, e no campo ensaístico e crítico escreveu Aspectos do Burguesismo Literário (1959) e Notas Literárias (1960).
Em 1970 iniciou a escrita de livros para crianças: O Príncipe que guardava Ovelhas (1970), que foi distinguido pela Internacional Board on Books for Young People como um “excepcional exemplo de literatura com interesse internacional”; O Elefante Cor-de-Rosa (1974); A Menina Coração de Pássaro (1978); Sonhos na Palma da Mão (1990); Lá vai Uma Lá vão Duas… (1993); e outros títulos.
Na sua actividade de tradutora, traduziu obras de Nathalie Sarraute e Simone de Beauvoir. Colaborou também em numerosos periódicos, de que podem destacar-se: Colóquio/Letras, O Comércio do Porto, Jornal de Notícias, Raiz e Utopia e Seara Nova.
Interessam-lhe sobretudo as temáticas dos quotidianos vulgares e a situação da mulher. Os seus livros situam-se num registo em que um sabor autobiográfico se mistura à crónica e ao conto.
Com a obra Na Água do Tempo, ganhou, em 1992, o Prémio Máxima. Em 1994, obteve o Prémio Calouste Gulbenkian da Literatura para Crianças para o melhor texto para crianças do biénio 1992-1994, e em 2001 foi apresentada a sua candidatura ao Prémio Andersen pelo conjunto da sua obra para crianças pela Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil. Também nesse ano foi-lhe atribuído pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto o Prémio “Uma Vida, Uma Obra”. Em 2004, foi distinguida com o Prémio para a área do Ensino no âmbito da iniciativa da Cooperativa Árvore comemorativa dos 30 anos do 25 Abril e dos 150 anos da morte de Almeida Garrett. Em 2007, o seu livro O Rapaz que sabia acordar a Primavera, ilustrado por Cristina Valadas, obteve o Prémio Nacional de Ilustração.

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