sexta-feira, 21 de maio de 2010

PÓVOA DE VARZIM

Adolescência – riscos, alertas e prevenção
Da esquerda para a direita: Pedro Teixeira, Lucinda Delgado, Luís Diamantino, Comissário Gomes e Conceição Prisco
Infopóvoa / Póvoa de Varzim
A Biblioteca Municipal acolheu, ontem à noite, 20 de Maio, uma acção de sensibilização sobre “Comportamentos de Risco na Adolescência” dirigida por Conceição Prisco, responsável pelo Gabinete de Psicologia e Orientação da Escola Secundária Eça de Queirós, seguida de intervenções de Luís Diamantino, Vereador da Cultura e Educação, do Comissário Gomes, da PSP, de Lucinda Delgado, Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens da Póvoa de Varzim e de Pedro Teixeira, Psicólogo da Escola do Cego do Maio.
“Cada família deverá inventar diariamente a sua maneira de viver.” Esta frase de Daniel Sampaio pôs fim à apresentação de Conceição Prisco que, perante uma plateia de pais afirmou que não há receitas para educar os filhos, o importante é promover neles sentimentos de segurança e convicção, reforçando o seu sentido de responsabilidade no dia-a-dia. Sobre os comportamentos de risco na adolescência, a psicóloga fez uma exposição bastante abrangente referindo-se aos sinais de alerta a que os pais devem estar atentos perante os problemas e consequentes atitudes para ajudar os filhos a ultrapassá-los. Conceição Prisco alertou para a importância do tempo que é necessário que os pais tenham para os seus filhos revelando que o tempo que os pais portugueses passam com os filhos é dos mais baixos da Europa. “Conversem com os vossos filhos” aconselhou lembrando que é importante saber ouvir, “quando não souber o que dizer, espere e ouça” porque um ambiente de compreensão e afecto é imprescindível na relação pais e filhos. Outro aspecto muito importante é a definição de regras que devem ser estabelecidas e negociadas, mantendo a comunicação e o respeito porque “educar não é seduzir” e “o papel do pai é ser pai e não par”, pois tem um papel fundamental no apoio aos filhos e na prevenção de situações problemáticas. Os problemas na adolescência abrangem diferentes áreas que interferem não só com o estado psicológico mas também com o aspecto físico, como: anorexia, bulimia, obesidade, depressão, isolamento, suicídio, bullying, cyberbullying, consumo de substâncias psicoactivas como álcool, tabaco e drogas ilícitas e sida.
Convencido de que a maior parte dos jovens não vive estes problemas, Luís Diamantino considera que mesmo assim é bom alertar e prevenir os comportamentos de risco. O Vereador da Educação, pai e professor falou sobre três aspectos que considera essenciais na adolescência: as expectativas, o reforço positivo e a criação de laços. “É tanto maior a probabilidade de atingirmos a felicidade quanto menor são as expectativas” afirmou, reforçando que é bom que sejamos ambiciosos no entanto as expectativas não devem ser demasiadas e enquanto pais devemos estar atentos a todos os sinais, não nos podemos fechar porque os nossos filhos precisam de uma referência, de um farol. Luís Diamantino concluiu chamando a atenção para a necessidade de saber escutar os filhos e para a importância de a felicidade ser vivida em todos os pequenos momentos e gestos, quer através de um abraço ou de um beijo.


Também no papel de pai e como agente da autoridade, o Comissário Gomes considera que é importante criar regras e incutir valores nos adolescentes assim como incentivá-los a tomar decisões correctas. O Comissário alertou para problemas como o álcool e a droga que são provocados por interesses económicos que permitem que os estabelecimentos nocturnos estejam abertos até de manhã e se tornem espaços propícios ao consumo destas substâncias. O Agente abordou também o Direito e Código Penal que só deve ser aplicado em situações limite e a intervenção penal que só é feita a partir dos dezasseis anos quando não há outra solução para o problema. Até essa idade os adolescentes que cometam crimes sofrem intervenção tutelar. Como membro da Polícia de Prevenção, o Comissário Gomes procura promover uma cultura de segurança nas escolas de modo a determinar e erradicar problemas de risco nos estabelecimentos de ensino.
Enquanto Presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens da Póvoa de Varzim (CPCJ), Lucinda Delgado referiu-se ao funcionamento da entidade que tem um papel fundamental no concelho procurando promover os direitos da criança e do jovem e de prevenir ou pôr termo a situações susceptíveis de afectarem a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral. Sobre a Comissão, referiu ainda que esta desenvolve um trabalho discreto mas muito importante e que envolve muitos elementos enumerando algumas instituições com técnicos especializados em várias áreas e com as quais trabalham em rede, nomeadamente o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim – Vila do Conde, o Projecto de Intervenção de Apoio à Comunidade (PIAC), o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), a PSP, entre outros. Lucinda Delgado apontou ainda o papel de mediador, recentemente criado nas escolas, e que desenvolve, através da criação de um gabinete de apoio aos alunos com um psicólogo, um papel muito importante de filtragem dos problemas esgotando todos os mecanismos antes de serem comunicados à CPCJ. Para além de dirigir a comissão, como mãe e professora, Lucinda Delgado considera que a família tem que ser um pilar fundamental na educação das crianças e “temos que arranjar tempo para dizer aos nossos filhos que gostamos deles”, continuou, acrescentando “quero que os meus filhos me sintam como uma âncora”.
Como psicólogo, Pedro Teixeira considera fundamental a responsabilização das crianças, adolescentes e jovens porque “só depois de cumprida a consequência e percebida a lição é que está tudo bem”, afirmou, sensibilizando os pais para o papel dos psicólogos e professores que se desenvolve a pensar no melhor para os filhos mesmo quando se trata na aplicação de medidas de coacção. O psicólogo alertou ainda para a questão do bullying que definiu como uma violência intencional e repetida que se baseia numa assimetria de poder no sentido em que o agressor é mais forte, mais popular ou tem estratégias mais sofisticadas do que a vítima.

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