INFOPÓVOA / PÓVOA DE VARZIM
“O poeta é o gourmet do recôndito.” esta foi a afirmação de Inma Luna que marcou a 6ª mesa do Correntes, ontem pela tarde, no Auditório Municipal. Moderada por Francisco José Viegas e tendo como ponto de partida a frase de Agustina Bessa-Luís “O poeta é um predador”, a sessão reuniu à mesma mesa Inma Luna, Ivo Machado, Jorge Melícias, Tiago Nené e valter hugo mãe.
Inma Luna revelou ao público que fez questão de levar um vestido com um leão para sentir na pele o papel de predador conforme a temática da sessão lhe sugeria abordar “O poeta é um predador”. “O poeta não sabe que é poeta até comer o primeiro pedaço de carne viva.” foi deste modo que Inma Luna iniciou o seu discurso e recorrendo a uma espécie de analogia zoopoética identificou o poeta lobo, o poeta crocodilo, o poeta anémona e o poeta serpente. Depois de caracterizar cada um destes poetas, a escritora alertou que não nos devemos esquecer que os poetas, como a imensa maioria dos predadores, estão em perigo de extinção, intimidados pelo mercado e suas condicionantes e desanimados pela desvalorização do sonhador acrescentando que o desaparecimento de uma espécie supõe que esse nicho ecológico seja imediatamente ocupado por outro, como por exemplo burocratas, banqueiros, políticos e dirigentes. No entanto, Inma Luna considera que a poesia segue querendo mudar a vida e para fazê-lo, o poeta seguirá devorando-a, aplicando-lhe as suas tácticas de atracção. A escritora terminou dizendo que “A predação tem uma função muito importante na natureza, por meio dela controla-se a povoação. O poeta, como predador, deveria contar com um tipo especial de protecção, devia ser tratado com mimo, prestigiar a sua tarefa, dar valor ao seu mordisco”.
Inma Luna revelou ao público que fez questão de levar um vestido com um leão para sentir na pele o papel de predador conforme a temática da sessão lhe sugeria abordar “O poeta é um predador”. “O poeta não sabe que é poeta até comer o primeiro pedaço de carne viva.” foi deste modo que Inma Luna iniciou o seu discurso e recorrendo a uma espécie de analogia zoopoética identificou o poeta lobo, o poeta crocodilo, o poeta anémona e o poeta serpente. Depois de caracterizar cada um destes poetas, a escritora alertou que não nos devemos esquecer que os poetas, como a imensa maioria dos predadores, estão em perigo de extinção, intimidados pelo mercado e suas condicionantes e desanimados pela desvalorização do sonhador acrescentando que o desaparecimento de uma espécie supõe que esse nicho ecológico seja imediatamente ocupado por outro, como por exemplo burocratas, banqueiros, políticos e dirigentes. No entanto, Inma Luna considera que a poesia segue querendo mudar a vida e para fazê-lo, o poeta seguirá devorando-a, aplicando-lhe as suas tácticas de atracção. A escritora terminou dizendo que “A predação tem uma função muito importante na natureza, por meio dela controla-se a povoação. O poeta, como predador, deveria contar com um tipo especial de protecção, devia ser tratado com mimo, prestigiar a sua tarefa, dar valor ao seu mordisco”.
Jorge Melícias afirmou que “a poesia é sempre uma encenação da verdade”, motivo pelo qual “tanta coisa é desculpada aos poetas”. O escritor não se considera um poeta místico, revelando que “sempre encontrei mais poesia na tosse dos tísicos do que nas chagas dos justos”, vendo a sensibilidade do lado do predador e não da presa. Jorge Melícias referiu ainda um real transmudado em que o poeta é um predador dele mesmo numa constante luta contra os seus próprios demónios, “o poeta é o predador de um real”, acrescentou. “Procuro que cada poema meu seja uma dádiva de pura violência”, disse o escritor que pensa que “a beleza está cada vez mais ligada à violência”.
Valter Hugo Mae assumiu-se como um predador e referiu que “ando sobretudo à caça da satisfação”, “falta-me tempo, quero mais”, “quero ser feliz no meio de tanta coisa”. Destas revelações, o escritor vilacondense partilhou a sua «história com os bichos» e o modo como se habituou a pensar tragicamente que os bichos eram capazes de sobreviver à sua ausência. Num registo irónico, valter hugo mãe confessou “sou um predador à caça de amigos por mais esquisitos que eles possam parecer. Eu sou um predador disto, o outro lado das coisas.”
Tiago Nené considera que “mais do que um predador, o poeta é um performer” e a poesia uma performance que ultrapassa a realidade. O poeta como predador absoluto é aquele que à distância segue a ordem do seu poema, na busca pela naturalidade, continuou o escritor que pensa que “o poeta não tem que dizer a verdade. A ficção como parte de uma realidade parte do contexto biográfico do poeta”. Tiago Nené disse que não existe uma definição exacta de poeta, “os poetas desejam desejos (dissecação de desejos) e é a partir desses contextos em que o poeta se auto-coloca que surge a poesia”, esclareceu acrescentando que “a boa poesia está acima da importância de existir”.
Ivo Machado começou por partilhar com o público a história sobre o primeiro poema que escreveu, dirigido à namorada, e que após o ter entregue só voltou a vê-la 35 anos depois. O escritor referiu algumas das “inesgotáveis definições de poeta” que o marcaram ao longo da vida entre as quais citou um poeta francês que dizia “Se perguntarem a um camponês grego o que é um poeta ele dirá que é aquele que canta, mas se o perguntarem a um homem culto da cidade ele dirá que é aquele que escreve versos”. “A poesia, na sua essência, é subversiva. O poeta proclama e subverte, outras vezes, prefere fechar os olhos para ver mais claro” afirmou o escritor que define o poeta como um recordador infatigável que fala aos mendigos e aos loucos, fala a todos que o queiram escutar e “poderá ser também um ajudante de Deus. Ivo Machado disse ainda que os governantes procuram silenciar os poetas mas citam-nos e “qualquer político sabe que uma só palavra pode matar a nossa sede” mas “quando se é poeta, há que aceitar ser ingénuo”, concluiu.
Valter Hugo Mae assumiu-se como um predador e referiu que “ando sobretudo à caça da satisfação”, “falta-me tempo, quero mais”, “quero ser feliz no meio de tanta coisa”. Destas revelações, o escritor vilacondense partilhou a sua «história com os bichos» e o modo como se habituou a pensar tragicamente que os bichos eram capazes de sobreviver à sua ausência. Num registo irónico, valter hugo mãe confessou “sou um predador à caça de amigos por mais esquisitos que eles possam parecer. Eu sou um predador disto, o outro lado das coisas.”
Tiago Nené considera que “mais do que um predador, o poeta é um performer” e a poesia uma performance que ultrapassa a realidade. O poeta como predador absoluto é aquele que à distância segue a ordem do seu poema, na busca pela naturalidade, continuou o escritor que pensa que “o poeta não tem que dizer a verdade. A ficção como parte de uma realidade parte do contexto biográfico do poeta”. Tiago Nené disse que não existe uma definição exacta de poeta, “os poetas desejam desejos (dissecação de desejos) e é a partir desses contextos em que o poeta se auto-coloca que surge a poesia”, esclareceu acrescentando que “a boa poesia está acima da importância de existir”.
Ivo Machado começou por partilhar com o público a história sobre o primeiro poema que escreveu, dirigido à namorada, e que após o ter entregue só voltou a vê-la 35 anos depois. O escritor referiu algumas das “inesgotáveis definições de poeta” que o marcaram ao longo da vida entre as quais citou um poeta francês que dizia “Se perguntarem a um camponês grego o que é um poeta ele dirá que é aquele que canta, mas se o perguntarem a um homem culto da cidade ele dirá que é aquele que escreve versos”. “A poesia, na sua essência, é subversiva. O poeta proclama e subverte, outras vezes, prefere fechar os olhos para ver mais claro” afirmou o escritor que define o poeta como um recordador infatigável que fala aos mendigos e aos loucos, fala a todos que o queiram escutar e “poderá ser também um ajudante de Deus. Ivo Machado disse ainda que os governantes procuram silenciar os poetas mas citam-nos e “qualquer político sabe que uma só palavra pode matar a nossa sede” mas “quando se é poeta, há que aceitar ser ingénuo”, concluiu.
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