sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ana Luísa Amaral e Ivo Machado dão voz às palavras na Escola Dr. Flávio Gonçalves

Infopóvoa / Póvoa de Varzim
A voz das palavras foi o tema que levou os escritores Ana Luísa Amaral e Ivo Machado à Escola E.B. 2/3 Dr. Flávio Gonçalves, esta manhã.
“Quem escreve dá voz às palavras, quem as lê dá-lhes outra voz”, assim o entende Ana Luísa Amaral que revelou nunca saber como é que um poema seu vai ser lido, isto porque “a voz é dada ao poema consoante o lado em que se está”. A escritora e professora disse ainda que “o poeta escreve quando tem necessidade de o fazer”, confessando que “escrevo poesia de forma muito inesperada”. “Há outros momentos, às vezes duas ou três da manhã, em pleno silêncio, em que tenho a sorte de uma visitação.” acrescentou Ana Luísa Amaral divulgando que também já lhe aconteceu escrever enquanto cozinha, como é o caso do poema “Leite creme” escrito enquanto fazia vitela assada.

A propósito do verso “Todos os dias alimento uma paz pequena” da sua autoria, Ana Luísa Amaral esclareceu os alunos respondendo que a “paz pequena” é “a minha normalidade, o meu refúgio, aquilo que me salva à minha volta. É a minha forma de me tentar proteger da violência e injustiça que me rodeiam”.
Sobre a voz das palavras, Ivo Machado referiu que “um livro só é livro quando o manuseamos, o lemos, o amamos”, ou seja “quando damos voz às palavras” acrescentando que “o processo de construção de um poema pode levar uma vida. O poema está sempre em construção.”. Sobre a sua relação com as palavras, o escritor afirmou que é como de um pai com o filho pois ama-as a todas e considera que são essenciais na sua vida, “tal como os meus filhos”, não sendo capaz de abdicar de umas palavras em relação a outras. Ivo Machado disse que existe um jogo de sedução do poeta com as palavras, sendo que “muitas vezes são elas que se nos impõem e pedem para ser usadas”. Sobre a sua escrita, referiu ainda que “toda a minha poesia é uma poesia de memória”, onde está presente a ilha onde nasceu “transporto a ilha em mim, apesar de já não viver lá”, reflectindo toda a ruralidade do lugar, pois considera que “todos nós somos uma consequência do nosso lugar de nascimento”. Questionado sobre a presença dos malmequeres na sua escrita, Ivo Machado afirmou que é “uma flor bonita e extremamente simples, que transporta uma magia que me acompanha desde a adolescência”, marcando as primeiras paixões e uma fase da sua vida.


Antes de encerrarem a sessão com a leitura de poemas da sua autoria, Ana Luísa Amaral e Ivo Machado revelaram que não são capazes de escrever um poema directamente no computador, o processo de escrita faz-se no papel com lápis ou caneta e muitas vezes no silêncio da noite.
As Correntes d’Escritas visitam outras escolas do concelho levando os escritores ao encontro dos alunos. No
portal municipal pode conhecer toda a programação do evento e acompanhá-lo diariamente.



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