Infopóvoa / Póvoa de Varzim
Pedra a pedra, constrói-se a poesia. Este foi o tema de mesa de debate desta manhã, no Auditório Municipal, e que contou com as intervenções de Manuel Rui, Maria Teresa Horta, Pedro Teixeira Neves, Rosa Alice Branco, Tiago Gomes e com José Carlos de Vasconcelos na moderação.
Dedicando o seu texto ao povo madeirense, Manuel Rui considera que “as palavras também sofrem como as colinas que se fazem explodir, para se diminuírem pedra a pedra”, transformando-se numa “estátua de palavras mudas”. “Também ficam operárias como as mãos, pedra a pedra, na arte anónima das calçadas, para pisar, palavra a palavra”, dizendo, no entanto, que “nunca terei arte para lapidar uma pedra preciosa. Mas sei tocar, pedra a pedra, as pedras que tenho nas mãos e nos sonhos”.
Para Maria Teresa Horta não é só pedra a pedra que se constrói a poesia. É também corpo a corpo “sedução e pose, discurso do desejo a seduzir as palavras”, rigor a rigor, musa a musa, avidez a avidez, insubordinação a insubordinação, “cuidando de desmanchar as regras dos poemas, as imposições, as disciplinas”. Defendendo que “a escrita nunca esquece, nunca redime nem sublima”, Maria Teresa Horta terminou a sua intervenção dizendo que “aí, onde tu estás, é o começo da escrita”.
Seguiu-se Pedro Teixeira Neves, que também dedicou o seu texto à Madeira, ou não fosse a sua família de lá e ele tivesse nascido no continente “por acaso”. O escritor e jornalista tratou de apontar as várias semelhanças e diferenças entre pedra e poesia. “O poeta monumenta as emoções, por isso há poemas e livros que se confundem com catedrais”. Considera ainda que o poeta é um pedreiro “cujas pedras traz no peito” mas, como referiu, não convém que “transforme o poema num muro de lamentações”. Tal como as pedras, os poemas também corrompem e magoam. “Com pedras constroem-se casas, com poemas constroem-se abrigos”, acrescentou, considerando ainda, nesta relação de aproximação entre pedra e poema que, “com uma pedra pouco podemos, com uma palavra podemos muito mais”.
Mas nem tudo são semelhanças. De facto, e ao contrário dos poemas, as pedras não amadurecem, não surgem do nada, não fingem. Os poetas são impacientes, a poesia tem identidade. E existem pedras raras “mas os grandes poetas muito mais raros são”. Não podemos viver sem poesia, mas há quem pareça “conseguir viver sem poesia”. E se uma pedra é apenas uma pedra, “a poesia é sempre mais do que aquilo que parece ser”.
Dedicando o seu texto ao povo madeirense, Manuel Rui considera que “as palavras também sofrem como as colinas que se fazem explodir, para se diminuírem pedra a pedra”, transformando-se numa “estátua de palavras mudas”. “Também ficam operárias como as mãos, pedra a pedra, na arte anónima das calçadas, para pisar, palavra a palavra”, dizendo, no entanto, que “nunca terei arte para lapidar uma pedra preciosa. Mas sei tocar, pedra a pedra, as pedras que tenho nas mãos e nos sonhos”.
Para Maria Teresa Horta não é só pedra a pedra que se constrói a poesia. É também corpo a corpo “sedução e pose, discurso do desejo a seduzir as palavras”, rigor a rigor, musa a musa, avidez a avidez, insubordinação a insubordinação, “cuidando de desmanchar as regras dos poemas, as imposições, as disciplinas”. Defendendo que “a escrita nunca esquece, nunca redime nem sublima”, Maria Teresa Horta terminou a sua intervenção dizendo que “aí, onde tu estás, é o começo da escrita”.
Seguiu-se Pedro Teixeira Neves, que também dedicou o seu texto à Madeira, ou não fosse a sua família de lá e ele tivesse nascido no continente “por acaso”. O escritor e jornalista tratou de apontar as várias semelhanças e diferenças entre pedra e poesia. “O poeta monumenta as emoções, por isso há poemas e livros que se confundem com catedrais”. Considera ainda que o poeta é um pedreiro “cujas pedras traz no peito” mas, como referiu, não convém que “transforme o poema num muro de lamentações”. Tal como as pedras, os poemas também corrompem e magoam. “Com pedras constroem-se casas, com poemas constroem-se abrigos”, acrescentou, considerando ainda, nesta relação de aproximação entre pedra e poema que, “com uma pedra pouco podemos, com uma palavra podemos muito mais”.
Mas nem tudo são semelhanças. De facto, e ao contrário dos poemas, as pedras não amadurecem, não surgem do nada, não fingem. Os poetas são impacientes, a poesia tem identidade. E existem pedras raras “mas os grandes poetas muito mais raros são”. Não podemos viver sem poesia, mas há quem pareça “conseguir viver sem poesia”. E se uma pedra é apenas uma pedra, “a poesia é sempre mais do que aquilo que parece ser”.
Rosa Alice Branco apoiou-se numa “extraordinária”dissertação de Vítor Hugo sobre a arquitectura como o grande livro da Humanidade. “Ao falar da arquitectura como arte soberana, Vítor Hugo declara que toda a História dos Homens, durante muito tempo, se pode ler nesta arte feita de pedra”. Assim, e à semelhança da escrita, também a arquitectura “se iniciou com letras, ou seja, o Homem começou a aprender a usar o alfabeto de pedra”. “Eu quando escrevo poemas é porque amo as palavras”, justificou, “o modo inusitado como tudo muda quando as palavras se juntam em versos e quando de verso em verso, pedra a pedra, todas se conjugam num poema”. E um poema só é poema, ou seja, as pedras estão no lugar quando, como explicou, “nada foge ao ritmo do corpo, debruçado à janela das palavras”.
Estreante no Correntes d’Esxcritas, tal como Rosa Alice Branco, Tiago Gomes confessou que pouco tempo teve para “alinhavar umas pedrinhas”. Sobre o tema, considerou que, no seu caso, “pedra a pedra também se desconstrói e destrói a poesia. Disse-me a Lídia Jorge há 20 anos atrás que a poesia devia ser burilada, trabalhada, esculpida”. E por isso leu um texto, “O Uso das Palavras”, de Nathalie Sarraute, de forma a ilustrar o efeito que as palavras têm quando aparecem.
Um pouco afastado da literatura, tem trabalhado “nas palavras ditas. Faço letras para bandas rock. Estou a tentar educar os músicos, que às vezes são um pouco bárbaros mas que também gostam de poesia”.
Estreante no Correntes d’Esxcritas, tal como Rosa Alice Branco, Tiago Gomes confessou que pouco tempo teve para “alinhavar umas pedrinhas”. Sobre o tema, considerou que, no seu caso, “pedra a pedra também se desconstrói e destrói a poesia. Disse-me a Lídia Jorge há 20 anos atrás que a poesia devia ser burilada, trabalhada, esculpida”. E por isso leu um texto, “O Uso das Palavras”, de Nathalie Sarraute, de forma a ilustrar o efeito que as palavras têm quando aparecem.
Um pouco afastado da literatura, tem trabalhado “nas palavras ditas. Faço letras para bandas rock. Estou a tentar educar os músicos, que às vezes são um pouco bárbaros mas que também gostam de poesia”.
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